este livro arranca-se de um vórtice cujo movimento indiscrimina tempo e guerra. começa, tão logo, com a flagrante atualidade da impotência e a ameaça sempre disponível à vida dos infames e dos vagabundos. arma-se, portanto, como uma armadilha para chronos, deformando esse incorrigível do tempo e do espaço, com o equívoco aliado à escrita, sua dimensão, simultaneamente, combativa e gasta. fantasia de montar um poema entre as imagens mais rechaçadas e esgotamento real dessa fantasia de oposição, dado que sempre é sempre a perigo e o homem ou é aquele que não pode ou aquele que julga poder tudo. como resto, retalhado por cenas de inferno e massacre, manoel ricardo de lima embaralha o que imagina desse diário escrito a muitas mãos, mãos indigentes, mãos canhotas, gauches, sem fama. mãos trabalhadoras, da terra e na terra, que não estão dispostas, entretanto, a abandonar a repetição (lê-se, a escrita da leitura), o inútil de suas revoltas, [...]