O culto à Virgem Maria é maior do que a adoração aos outros santos, até mesmo Jesus e Deus. No Brasil, Maria dá nome a 37% das paróquias, mais de uma em cada três. Jesus tem 8%, Deus Pai 0,04% e a Santíssima Trindade 0,3%. O mesmo fenômeno se repete na Polônia, outro país de forte tradição católica. Lá, uma em cada quatro paróquias é consagrada à Maria. Jesus dá nome a 11% e Deus a apenas 4%. Mas onde a supremacia do culto à Nossa Senhora é mais evidente é nas romarias. Na caminhada, o peregrino reza com os pés. A simbologia da estrada, que se deve seguir caminhando e cantando, faz parte da mística da peregrinação católica. Acompanhando romeiros de países tão distantes, Rubem César Fernandes encontrou mais pontos em comum do que o culto à Nossa Senhora e escreveu "Romarias da paixão". Tanto Brasil como Polônia viveram processos políticos similares no final da década de 60. Comparando os romeiros de Nossa Senhora de Aparecida do Norte, São Paulo, com a multidão que segue em peregrinação no santuário de Nossa Senhora de Czestochowa, na Polônia, o autor traça um painel de uma das manifestações mais marcantes da religiosidade contemporânea, onde mística e política se misturam.