A premissa dois autores (um homem e uma mulher), escrevendo, a quatro mãos, narrativa que envolve um casal não é nova. A novidade aqui se faz pela natureza do texto. Ambos praticam a escrita da precisão, da concisão e da poesia. Um livro a quatro mãos como um jogo, uma peça beckettiana Palmyra, palavra misteriosa na qual consigo identificar o anagrama de play, o qual quem joga é o leitor, este outro personagem inventado pelo livro. Pois, independente da história íntima de sua criação e de todo o rebuscamento lançado pelos autores em prol desse mundo fora do chão, fato é que resultou nesse subproduto físico da celulose e petróleo que temos nas mãos. Um livro verdadeiro, sem dúvida. Daqueles de que costumamos sentir falta táctil. Inteligentes e escritos com inteligência. Não necessariamente fáceis nem obrigatoriamente difíceis. Na medida.