É resultado de pesquisa sobre a ação da Inquisição portuguesa contra os homens da Igreja que praticavam a homossexualidade entre os séculos XVI e XVIII, sobretudo no Brasil Colonial. Na linguagem da época, os eclesiásticos transgressores eram acusados de sodomia, que chegou a ser chamada de vício dos clérigos, tamanha a frequência com que muitos a praticavam. A autora descortina, assim, as relações sodomíticas dos eclesiásticos, cujos relacionamentos envolveram, em sua maioria, criados, escravos, mestiços e demais gentes pobres e sem ofício, compondo um mosaico de que emerge uma variedade de pessoas subalternas, tendo reproduzido as hierarquias do Antigo Regime e da sociedade colonial. No entanto, as transgressões homossexuais de parte do clero indicam que muitos não se vergaram ao discurso de submissão e austeridade veiculado pela Igreja, uma vez que, em diversas situações, conseguiram driblar a vigilância inquisitorial e criaram espaços de microliberdades para exercer sua sexualidade desviante e proibida.