A gente se conhece tanto, eu e Magiu, de uma maneira que não conheço muita gente. A gente não se conhece direito, eu e Magiu, de uma maneira que sei mais dela do que de gente que não conheço. É uma relação que ficou profunda e próxima por sentimentos, por isso digo que a gente se conhece tanto e a gente ainda não se conhece tanto assim. E aí recebo um convite para escrever nesta orelha, e claro, um livro Avessamento. Percebo que isso, esse conhecer por sentimentos, é coisa dela, essa vontade de avesso, de mostrar o que a gente não conseguiria ver, de ousar o que a gente não conseguiria ler, de amar o que a gente não conseguiria ser. Uma fome de vida, uma literatura que faz parte da carne e do corpo, um desejo de uma arte com risco (eu nem sei se existe arte sem risco, existe?), a arte que é capaz de tirar a gente do nosso ordinário lugar e nos levar para um outro: extra-ordinário; e é deste lugar que escrevo. E daqui vejo: o tempo, esse maldito que passa e passa e passa e nos (...)