O que pode restar de uma pessoa que doa parte de seu corpo para salvar a mãe que morre em seguida? O que se passa nas entranhas de alguém que sente a vida de forma intensa é o que se lê em Tudo o que mãe diz é sagrado. As amarguras da vida deixam feridas profundas às vezes, e conviver com uma dor que parece infinita é só o que se pode fazer. A autora passou por um longo período de luto e foi por meio da escrita e da companhia de seu fiel cachorro, Astor, que ela - aos poucos - voltou a viver. Paula Corrêa é visceral, densa e doce ao mesmo tempo. Este livro leva a uma viagem vertiginosa, mas bela! Vertiginosa e bela como a própria vida. Ela é entre os novos (e inéditos) que tenho lido, uma de minhas favoritas. (Ela faz) uma literatura agressiva, mas que em lugar de ferir e raspar, deixa um travo na boca. Um travo que permanece por longo tempo, até incomodar demais e a gente perguntar: o que está havendo? E então reler de novo. E reler até descobrir e perguntar: como ela faz isso? - Ignácio de Loyola Brandão. Toda morte de quem amamos é uma amputação. Todo luto uma regeneração. Para Paula Corrêa, porém, estas são também literalidades. A mãe levou com ela tanto - e também um pedaço do seu corpo. Neste livro, a autora se regenera pela palavra escrita. Poucas vezes alguém foi capaz de transformar o absurdo da morte em algo tão belo. E tão vivo. - Eliane Brum