"Embora meu objetivo seja compreender o amor, e embora sofra por causa das pessoas a quem entreguei meu coração, vejo que aqueles que me tocaram a alma não conseguiram despertar meu corpo, e aqueles que tocaram meu corpo não conseguiram atingir minha alma." Com estas palavras, escritas aos 17 anos em seu diário, Maria, personagem principal de "Onze minutos", de Paulo Coelho, dá uma pista sobre a busca que realizará ao longo da comovente obra. Para a jovem, decepcionada com os padrões afetivos e sexuais que conhece, torna-se utópica a idéia de que duas pessoas possam ter tanto o corpo quanto a alma em perfeita harmonia num relacionamento. Com trajetória semelhante à de tantas mulheres, Maria amadurece precocemente e distancia cada vez mais dos ideais de felicidade que tinha na adolescência. No decorrer de um ano vendendo seu tempo sem poder comprá-lo de volta, como ela diz, a jovem aprende a ser prática e realista, vacinada contra ilusões. Dizer que "Onze minutos" é a história de uma prostituta seria uma definição simplista demais. Mais importante que a trajetória de Maria é o aprendizado que ela é capaz de extrair de suas duras experiências no exterior.