O veio de ensaísta de Carlo Levi é evidente nesse relato de viagem à Alemanha cindida e traumatizada do pós-guerra, uma Alemanha sofrida. O escritor sente-se atraído pelas paisagens, pelas arquiteturas e principalmente pelas pessoas. O judeu Levi opta pela imparcialidade: procura compreendê-los sem julgá-los. Ele procura entender como o drama do nazismo enraizou-se naquela gente que lhe parece tão tranqüila e bonachona, operosa e escrupulosa, muitas vezes culta e sensível. Atrás dessas aparências procura indagar, nas pessoas que encontra, as feridas da alma que ainda doem. As palavras de Levi lembram-nos que em 1959 ainda se acreditava na possibilidade de uma reconstrução da primazia européia, com tanto que se silenciassem os ressentimentos, que se tivesse compreensão e compaixão. Por isso tem sentido ler este livro hoje e apreender com Carlo Levi a respeitar e possivelmente a entender o próximo que nos ofendeu, estendendo a mão em sinal de paz.