Em Imagens Urbanas: mangue, tabuleiro, cidades toma-se a cidade de Aracaju, no estado de Sergipe, como espaço de problematização do presente, a fim de analisar os processos de transformação urbana e seus efeitos sobre os modos de subjetivação atuais. Os conceitos de heterotopia e de imagem dialética são primordiais para tais análises. A partir do conceito de heterotopia de Michel Foucault, a cidade é pensada em sua heterogeneidade, composta por espaços distintos, que se justapõem e que estabelecem uma relação de tensão e conflitos entre si, criando rupturas no contínuo da vida citadina. A categoria de imagem dialética de Walter Benjamin, bem como das leituras atuais sobre as imagens, feitas pelo pensador Georges Didi-Huberman, colocam-se como ferramentas conceituais necessárias para interpelar e problematizar as transformações urbanas que tendem a neutralizar, ou tornar menos visíveis, as forças irruptivas dessas tensões e conflitos, inerentes aos espaços que se justapõem nas cidades. O mangue e o rio que cortam a cidade de Aracaju são tomados como produtores dessas imagens de tensão. Os conceitos benjaminianos de experiência, narrativa, origem e história também compõem a tessitura desta obra. Este livro é fruto de uma escrita que se fez a partir de experiências por outros sentidos ou outras formas de habitar a cidade. Ao que poderia levar à simples pergunta: o que é a cidade? Ao invés de pensar ou querer responder essa pergunta, o texto aqui presente esquiva-se. Por meio de narrativas de cenas cotidianas da cidade de Aracaju, buscou-se tecer histórias que falassem sobre outras formas de experienciar a urbe.