Em Bordado e costura do texto, Tamara Kamenszain confia às mães o ofício de ensinar a escrita enquanto um gesto artesanal que provém da conversa e do cochicho. Para Virginia Woolf, as escritoras estão sempre pensando a partir de suas mães. Já Hélène Cixous afirma que a escrita das mulheres se faz com a tinta branca do leite das mães. Diante da escassez histórica de referências femininas, essas escritoras mulheres reivindicam e elaboram as suas próprias tradições. Como Adrienne Rich convoca em Quando da morte acordamos, para se assumir enquanto uma autora é preciso re-visar a história em busca dos rastros de nossas interlocutoras perdidas. Em seu livro de estreia, Giulia Benincasa realiza essa procura enquanto se une ao burburinho de mulheres que escrevem movidas pelo anseio de constituir ou inventar uma genealogia. É assim que a poeta transforma o eco em seu procedimento de escrita. Aqui a filiação é uma ação criativa a partir da qual é possível tecer uma rede (uma casa?) comum (...)