O termo siringe, que dá título ao livro, faz referência ao órgão vocal das aves. Assim, a poesia de Pollyana se apresenta, como um canto necessário. Sem exageros, seus poemas conhecem os caminhos da concisão e do jogo sonoro com as palavras; manejam o cotidiano e a língua com lirismo melopeico. O livro se divide em quatro partes, todas com nomes de pássaros. A primeira, Assum preto, ave de cor preta que canta à noite, já de início traz a tônica do livro: a marca da diáspora, da resistência e da ancestralidade negra em uma sociedade construída com o suor e o canto de seus pássaros torturados e invisibilizados. O canto de resistência e liberdade prossegue nas demais partes: a segunda, Papa capim, ave de canto melodioso; a terceira, Sabiá laranjeira, ave insone que canta de madrugada; e a quarta, Soldadinho do Araripe, ave canora ameaçada de extinção. Fica evidente: para as aves e para a autora, cantar é questão de sobrevivência.