Voto: possa esta obra funcionar como catalisador de uma orientação que ultrapassa as habituais dicotomias: criminologia crítica-criminologia da passagem ao acto; criminologia positivista-criminologia construtivista; criminologia etiológica-criminologia da reação social, etc. Tais categorias dicotomizantes, porque acríticas, fundam-se mais, de modo consciente ou inconsciente, em posições e movimentos ideológicos do que em critérios e procedimentos e trabalhos científicos. Tais clivagens mágicas constituem verdadeiros obstáculos epistemológicos (G. Bachelard), à caminhada, que sempre contém erros a serem vistos, assumidos e corrigidos, na direção de uma ética da discussão (O. Apel) ou um agir comunicacional e uma ética da comunicação (J. Habermas) que tem por objecto o crime e a justiça. Saibamos interpretar o nosso a priori histórico, como nos ensinou M. Foucault, que a todos engloba e a todos interpela: Que nos está a acontecer, na história do tempo presente? Que devemos nós fazer? Qual é a nossa experiência do crime e da justiça? Como se configura esta experiência no seu elemento de saber e de ciência, na sua componente normativa, no seu elemento ético-hermenêutico próprio dos sistemas de vida?