Trinta poemas armados num tabuleiro de palavras, dor, libertação. Um jogo de acha palavras, rimas, sonoridades que atravessa tempos e lugares. "Tarifa de embarque", de Waly Salomão, é um convite para que o leitor arme o próprio tabuleiro, apanhe e leve algumas palavras como souvenirs, lembranças, e crie o próprio microtabuleiro. Mas que ele (leitor) não se iluda, e morda a isca. O acaso é trabalhado e retrabalhado, até que o poema fique polido, reluzente, como um artefato ou uma jóia. A palavra fascina o autor, que se entrega num abraço, rolando com elas em praias de areia, em ondas, em divãs de cetim como os seus ancestrais. Depois, ele iça as velas e atravessa tanto os oceanos quanto sua Jequié nativa, ou mesmo o âmago de sua estirpe fenícia: tudo isso povoa seu imaginário.