São poucos segundos. Às vezes, menos que isso. No entanto, vemos passar como se em câmera lenta. Cair de bicicleta é assim quando se cai no chão. Quando se cai no mundo, é outra coisa. E a intriga vem desde aí: João, e nós com ele, não caímos, estamos repetidamente caindo de bicicleta num mundo que não vai nos oferecer um abraço materno ou os cuidados hospitalares merecidos, porque não é disso que se trata. O importante, aqui, é se permitir a queda. E como João sabe fazê-lo! se escrever fosse/dar a mão, ele diz, porque entende que escrever não serve para abraçar ou sentir-se abraçado. linda como uma lâmina/afiada furando, ele diz, e a cada vez entramos mais no mundo de João, na poesia de João e no homem que João é: ama, dorme, come, sonha e entende que a vida é isso e que dela não escapamos nem com o amor nem com a falta dele. Estamos presos aqui, e, se é assim, que bom que nos resta a poesia, esse engano que pode conter tantos acertos. João Liossi, esse homem que não conheço (...)