Este livro aparece para o público brasileiro (e também para leitores estrangeiros de Machado de Assis) como um formidável desmentido. As ideias feitas e os lugares-comuns que boa parte da crítica estabeleceu sobre o grande escritor escorrem pelo ralo e terão a partir de agora de ser abandonados. A novidade é consistente e de fato nova.Para surpresa de muitos, e quase todos, os contos de Machado publicados naquele edificante Jornal das Famílias (o nome já diz muito...), durante cerca de 15 anos, destoam em muito do padrão e corroem expectativas, bom tom, bom mocismo e a alma cândida bem pensante. São contos que, bem lidos, já revelam em escala razoável, o discurso irônico repassado por inúmeras paródias, com narradores não-confiáveis e mesmo embusteiros ou fraudulentos. Exigem que o leitor se eduque criticamente e se ponha em guarda ante o discurso da autoridade. A autoridade fala por seus interesses...Este livro é uma contribuição fundamental para isso e permite mesmo duvidar das duas fases de Machado. Será mesmo? Um grande escritor não começa pronto, mas também não começa do zero. Parece que ele desde cedo sabe o que quer. Este livro mostra isso.