Ainda não havia as top models - as graciosas figuras femininas que a cada estação tinham suas roupas trocadas consistiam em bonecas de cera, madeira ou porcelana que eram despachadas de Paris para o mundo. Também não existiam as badaladas semanas de moda, mas hotéis parisienses já organizavam exibições daqueles frágeis manequins que só tiveram sua carreira de viagens internacionais interrompida por um método de difusão mais prático - a imprensa feminina, cujo desenvolvimento foi apenas uma das facetas da transformação da sociedade nos séculos XVII e XVIII. Modos de produção e limpeza, higiene do corpo, implicações estéticas e morais do traje - na roupa se entrelaçavam as transformações de uma sociedade em ebulição. No dia-a-dia, a revolução indumentária modificava as relações profissionais (em todas as categorias sociais, foram as mulheres as principais personagens da incipiente economia baseada no vestuário) e a maneira como as pessoas viam umas às outras e eram vistas.