Quando tudo terminou, peguei meu dinheiro e velejei. Encontrei uma boa ilha para viver no Caribe. Comia cheeseburgers e velejava. Eu não acreditava em mais nada. Vivia sozinho e, às vezes, pensava nos anos que passei tentando fazer a diferença. Concluí também que o risco que corri não valeu o seu resultado. Pensei nos anos em que tudo aconteceu, os quais passei dentro de um quarto, sozinho, me virando para copiar documentos que pesquisei, seqüestrei e escondi nas mais diversas partes do país. Na minha experiência pessoal em ser um ladrão de documentos eu encontrei um certo prazer, um certo ímpeto em me sentir vulnerável e por diversas vezes pensei ser um ator em um grande palco. Recobrando a razão entendi que essas pessoas - um bando de advogados, políticos e procuradores gerais americanos - tinham armado o maior roubo do mundo e mesmo que suas vítimas o descobrissem ele nunca seria provado. O cartel do tabaco pagou bilhões em um acordo para esconder 60 anos de mortes, mentiras e fraudes. Eis a razão de expor tudo neste livro - Jogando com a Máfia do Tabaco. Como um advogado americano cheguei a conclusão que na verdade, com o passar dos anos, várias entidades globais conseguiram criar um novo tipo de governo - um governo que se sobrepõe a si mesmo! Na América, onde o Acordo Global foi negociado, um advogado me disse certa vez: "Global significa América." E eu disse: "Bem, se você olhar ao seu redor, tem uma grande quantidade de mundo, além da América, na palavra global". Ele afirmou que o tal bem intencionado Acordo Global era global porque ninguém podia entendê-lo e agora depois de uma década, quem se importava? Finalmente, tudo se resume a uma simples explicação: o Acordo Global foi só para a América. Se você não é americano não tem que pensar como um advogado americano e tentar embromar o mundo com os chamados acordos globais! Vamos supor que o Brasil, por exemplo, desconheça o tal Acordo Global? E o que há nele para o Brasil? E para os outros países do mundo?