Na história da humanidade, a educação do povo se tornou objeto da ética e do direito, da ciência e da tecnologia. Este livro se situa no entrecruzamento desses planos, como o lugar de origem e de desenvolvimento de práticas e políticas educacionais da classe trabalhadora. Não por acaso, então, o texto que o inaugura trata da ética, moral e educação omnilateral, a utopia do reencontro do ser humano com sua essência histórica que foi sendo mutilada pelas relações sociais de produção centradas na propriedade privada. A utopia, porém, não é idealista, ao contrário, é tanto real quanto a luta que se trava para que a classe trabalhadora conquiste o direito à educação, sempre contraposto aos interesses do capital.A relação trabalho e educação situa-se nas tramas do capital, de cujo plano se suspendeu a ética aqui discutida ao se implantar a moral da classe dominante. Por isto cabe, nos questionar sobre limites, contradições e possibilidades da educação profissional no Brasil assim configurado. Mas a resistência também precisa ser evocada no passado e no presente. Do passado, compartilhamos do legado de Paulo Freire, aqui recuperado no estudo sobre os Círculos de Cultura. A denúncia da opressão e a desumanização da sociedade de classes, motiva ações transformadoras. O reconhecimento da unidade trabalho-educação na vida de sujeitos concretos pela escola pode nos auxiliar na construção de práticas pedagógicas contra hegemônicas. Por isto, a perspectiva da educação politécnica, da escola unitária e da formação omnilateral dos sujeitos ainda é uma luta atual.