Nenhum nado é em vão. No sertão, longe do mar, é na solidão das tardes da infância que nos deparamos com os primeiros pensamentos e suposições sobre o tempo: a idade das acácias, a paisagem pela janela, os meninos que não estão mais lá. O ritmo mora na primeira casa, na primeira rua, de onde por mais que escapemos porque queremos mais que anjos, é onde vivemos para sempre. O mar, sem nenhuma segurança, sugere a possibilidade de fuga, uma feroz como é feroz como as pessoas aparecem e desaparecem em nossas vidas. A intensidade das ondas revela a emergência, e a cidade é a própria fuga travestida de concreto, calor e relações imediatas. O ritmo muda, o fôlego não sustenta o pensamento nem o peso dos sonhos. O tempo não espera aos apaixonados. Escadas, supermercados, paredes descascadas do edifício Itália, é difícil sonhar com qualquer possibilidade que não seja a que tocamos todos os dias com nossos olhos.