MEIO SÉCULO DEPOIS, AINDA SENTIMOS OS EFEITOS DO ANO QUE NÃO TERMINOU 1968 é um ano-chave para a história mundial e brasileira, repleto de episódios emblemáticos, como o Maio Francês e a Primavera de Praga, na Europa, e a Passeata dos Cem Mil e a imposição do temido AI-5, num Brasil subjugado pelo regime militar. A abordagem do jornalista Roberto Sander neste livro, contudo, não se limita aos acontecimentos políticos que tão profundamente marcaram o período. O painel de 1968 construído aqui é completamente novo. A narrativa avança mês a mês, tratando dos mais variados assuntos. O leitor é levado ora para a Guerra do Vietnã, ora para a primeira visita ao Brasil de um arredio Mick Jagger; para a África do Sul, em pleno Apartheid, onde acontecia o primeiro transplante de coração bem-sucedido do mundo; para Havana, onde Fidel Castro fazia um expurgo no Partido Comunista cubano; e para as viagens espaciais que preparavam a chegada do homem à Lua. Em 1968 ? Quando a Terra tremeu, Roberto Sander explora histórias saborosas e surpreendentes sobre ciência, moda, comportamento, esporte e cultura em geral, daquele que foi um ano ainda mais complexo, assombroso e sedutor do que se sabe. Tendemos a pensar em 1968 como uma instituição. Deixou de ser um ano ? tornou-se uma época, uma era, algo vindo da mitologia. Mas não. 1968 foi um ano como todos os outros, constituído de meses, semanas e dias. A diferença é que, em cada um desses meses, semanas e dias, o mundo estava sendo dividido em antes e depois. Eu devo saber ? porque estava lá. E agora revejo tudo neste livro de Roberto Sander. Ruy Castro, escritor Roberto Sander foi capaz de recriar neste livro o mais febril dos anos: meia oito. Que de meia, aliás, só teve o nome, porque foi muito inteiro, embora aos pedaços. Ele foi a fundo ? mas não foi a pique. Manteve o mesmo pique dos livros anteriores, em especial 1964 ? o Verão do Golpe. Com a diferença de que aquela foi uma tremenda bad trip. Eduardo Bueno, jornalista e escritor Nesta volta ao passado, refletimos e compreendemos melhor o Brasil e o mundo em que vivemos. No aniversário de meio século do ano que não terminou, o livro de Roberto Sander nos mostra que muitos daqueles dilemas com os quais o Brasil e o mundo se defrontaram ainda nos desafiam. Cristina Serra, jornalista