Porque é que o património histórico, arquitectónico e urbano conquistou, actualmente, um público planetário? Porque que é que o seu conhecimento, a sua conservação e a sua restauração se tornaram uma aposta para os Estados de todo o mundo? Nem o seu valor pelo saber e pela arte, nem o seu papel atractivo nas nossas sociedades de prazeres constituem explicações suficientes. A procura de uma resposta, que empenha mais profundamente a natureza dessa herança na sua relação com a história, a memória e o tempo, passa, para Françoise Choay, por um regresso às origens, uma arqueologia das noções de monumento e de património históricos. Esta investigação, conduzida sobre mais de cinco séculos, esclarece o actual culto do património, os seus excessos, descobre as suas ligações profundas com a crise da arquitectura e das cidades. Desta forma, preciosa e precária, a nossa herança arquitectónica e urbana aparece alegoricamente num duplo papel: espelho cuja contemplação narcisista apazigua as nossas angústias, labirinto cujo percurso poderia reconciliar-nos com esse atributo do homem, hoje ameaçado: a competência de edificar.