Pode ser até que haja uma explicação genética para atração quase fatal do escritor Nelson Algren pela vida dos derrotados, desesperados, vagabundos e miseráveis. Afinal, a família do autor, de judeus suecos emigrantes, contabilizava uma saga de fracassos. Isto em nada diminuiria a atração afetiva e estética de Nelson Algren pelos personagens conhecidos como outsiders – criaturas mais que comoventes, até cômicas em suas tragédias radicais. Um destes personagens é Dove Linkhorn, o protagonista de “Um passeio pelo lado selvagem”. Através de seus personagens, Algren desenhou uma crítica radical à economia americana. O próprio escritor, apesar de ter chegado à universidade e estudado literatura, não venceu a marginalidade. Passou os anos 30 perambulando pelo Sul e registrando a desolação dos “deprimidos” e dos que não tinham vez, sem conseguir publicar suas reportagens sequer no mais mísero jornal. Assim Algren tornou-se romancista. Escritor apaixonante, nietzschiano convicto de que só os fracos vencem. “Um passeio...” tornou-se um clássico da literatura norte-americana e transformou seu autor num marco da cena literária americana.