A minha avó, Nilce de Angelo, sempre amou piano. Quando minha mãe, professora, entrou no Dante (Colégio Dante Alighieri), recebeu o primeiro salário e deu um piano de armário para a minha avó. Eu morava na rua Paraopeba e passava o caminhão de gás tocando um som alto daquela música que todo mundo conhecia. Sentei ao piano e comecei a tocar imediatamente a mesma música, só de ouvido. Nem imaginava, mas era a "Für Elise, de Beethoven. Minha avó, alucinada por piano, ao ver em mim o dom diferenciado, tocando só de ouvido, me levou então para uma professora de bairro e, com cinco anos, comecei a estudar, a estudar... a estudar sem parar todas as partituras. Como eu tinha asma, não brincava com outras crianças. Então, o que queria era aprendere terminar logo todos os livros de piano que vinham pela minha frente. Lembro que meu objetivo era acabar todos eles o quanto antes. Por isso, eu estudava o dia inteiro". Ali nascia, compenetrada e brilhantemente, a pianista [...]