A realização da educação ambiental crítica coloca em estreito diálogo o conteúdo estudado na escola e o contexto vivido pelas crianças; coloca o currículo "a serviço" da compreensão da realidade e da intervenção no mundo, prática realizada pelas educadoras cujos projetos estão relatados nesta publicação. A prática pedagógica através de projetos favorece o rompimento não só com a descontextualização do conhecimento escolar, mas também com sua compartimentalização. É possível afirmar que a autonomia conferida a alunos e educadores, no programa de educação ambiental analisado neste Caderno de Formação, contribuiu para o rompimento do imobilismo provocado pelo ensino descontextualizado. Contextualização, não fragmentação e intervenção na realidade, somadas à participação de crianças e educadores na definição de temas e estratégias a serem estudados e desenvolvidos, promoveram uma educação política. Afinal, o currículo que praticamos, o conhecimento que construímos, está a favor do que e de quem? Como nos ensinou Paulo Freire (2000, p. 86), "há perguntas a serem feitas insistentemente por todos nós e que nos fazem ver a impossibilidade de estudar por estudar. De estudar descomprometidamente, como se misteriosamente, de repente, nada tivéssemos que ver com o mundo, um lá fora e distante mundo, alheado de nós e nós dele".