As vidas de Cravo e dona Gérbera, do engenheiro, de Gigante do Noca e dona Chuta, de irmão Deocleciano e de tantas outras figuras fascinantes têm raízes profundas na saga da cidade e das famílias, e devem seu crescimento às águas que irrigam as partes inferiores do corpo. Se cenário e personagens têm nome de flor, a água só pode ser decisiva para o destino geral. Há um poema que ensina: líquido é por definição o que prefere obedecer ao peso a manter a forma e que, por causa desse vicio mórbido, perde toda compostura. É desse caráter do que é líquido que trata Flor de Algodão. Para além de qualquer simbologia, porém, o que faz deste um excelente romance é a variedade de prosa que Santana Filho cultiva. Às vezes poética, com frequência engraçada, e sempre muito elegante em seu traje de frases longas e vocabulário ornamentado.