A mídia brasileira tem faltado com a verdade, ao repisar a ideia de que as formas linguísticas de prestígio são as únicas certas do ponto de vista da estrutura linguística. Se não fosse a confusão entre língua e gramática normativa, entre língua falada e língua escrita e as deprimentes associações entre língua e inteligência/burrice, competência/incompetência, beleza/feiura; sucesso/insucesso, todas as colunas de dicas de português espalhadas por jornais, revistas e tevês prestariam um grande serviço à comunidade. Mas a mídia presta um desserviço, porque com elas reforça um dos aspectos mais sórdidos do ser humano: a divisão entre classes e a exclusão social. Como (socio)linguista, Maria Marta Pereira Scherre apresenta aqui evidências claras de que o certo e o errado em toda e qualquer língua conhecida realmente não são conceitos absolutos. Como cidadã, falante nativa do português brasileiro, estudiosa de variação linguística, ela demonstra que a mídia brasileira apesar de (...)