Em O Maquinário Fantasma, primeiro livro de Guilherme Pavarin, nos deparamos com uma constelação de vozes que povoam a imaginação do poeta; vozes que surgem da memória e da história, mas também de objetos descartados, de um maquinário obsoleto que cisma em existir mesmo depois de perder suas funções originais. Fantasmas do novo milênio: uma máquina Brastemp transformada em aquário; ou um drone que insiste em participar com seu irritante zunido de uma performance teatral. Nesta terra devastada que herdamos, essas vozes fantasmagóricas nos interpelam, cobram dívidas do passado. São dívidas que nem mesmo sabíamos possuir, mas que, ao mesmo tempo, em um tempo sem futuro, são tudo o que temos; são o elo que nos prende ao aqui, o motivo para continuarmos nossa caminhada. É nesse cenário que o jovem poeta tenta se encontrar; que ele procura, entre tantas possíveis, a sua voz, uma tarefa ingrata entre os estímulos, horrores e carências com os quais o poeta é confrontado num país em (...)