Uma pesquisa científica parte, necessariamente, de um problema. Esse, por sua vez, evidencia-se quando há interesse por determinado tema ou por área de estudo que apresente uma lacuna a ser preenchida, como o reduzido número de publicações na área ou uma falha no campo do saber, ao se estar em desacordo com conhecimentos ou teorias já existentes. No presente caso, dediquei-me a estudar e analisar por que, ao longo de toda a história da comunidade de Venda Nova do Imigrante, município da região serrada do Estado do Espírito Santo, de reconhecida formação de Imigração Italiana, as grandes realizações no processo de formação foram vinculadas e atribuídas ao sexo masculino. A eles sempre foram imputadas as glórias pelas realizações na região. Nesse sentido, o sexo masculino aparece como o grande responsável pelo que hoje encontramos de prosperidade e desenvolvimento dentro do município vendanovense, relegando à mulher o papel na história de meras parceiras ou colaboradoras. As mulheres que participaram da formação dessa comunidade nunca tiveram reconhecimento como agentes de formação ativa, na formação sociocultural e na economia do núcleo colonial São Pedro de Venda Nova. O que se encontra sobre sua participação na construção do município relaciona-se às atividades tipicamente femininas: cuidar da casa, cuidar dos filhos, cuidar dos maridos, ser obediente e cumpridora com suas funções de mulher/esposa. Portanto, insta mostrar que as atividades desenvolvidas pelas mulheres participantes da formação deste município não se resumiram somente a essas funções de âmbito privado, a elas cabia uma ampla gama de atividades tanto no plano social e cultural da formação da família e acabava se refletindo na comunidade quanto no plano econômico, que possibilitava o desenvolvimento e a acumulação de um certo pecúlio por parte dos imigrantes.