Livro dos interiores invoca diversos intercessores – Deleuze caria orgulhoso – em sua construção textual: Bergson, P.J. Harvey, colagens, Drummond, Matilde Campillo, Sloterdjik, Caetano Veloso, intertextualidade, Fernando Pessoa, Marília Garcia, hibridismo, Foucault mas também Zulmira, Leninha, Melina, Dona Veridiana. O referencial teórico não como muleta virtuosística, mas como estrutura vital de trabalho, como se a poesia atualizasse e renovasse a herança universal recebida. Melhor dizendo, Yasmin faz parecer simples a movimentação arriscada de códigos, camadas, procedimentos e subjetividades, a poeta realiza uma costura irretocável que não se deixa entrevero algum à mostra. A saber: “Meus poemas são domésticos/como canecas no armário/ que não formam um jogo” ou “só nos resta ser mar/invadir/recuar”, mas ainda “O futuro não somos capazes de dizer/ à exceção talvez das fases da lua”. Em síntese: estamos diante de uma artista do nosso tempo (e de um livro potentíssimo) – das mais relevantes.{ALEX QUELI TOMÉ}