Jorgeana Braga atravessa uma floresta para escrever este livro de pouco mais de 80 poemas. Parece um bicho, uma árvore, uma semente, um rio, uma flor, uma canoa. Ela também ocupa terreiros e quintais sagrados, abrindo clareiras e claridades onde dança com seus versos entre raízes e trovões, pétalas e vertigens. Em um momento está no meio de um tambor de crioula. Em lugar de rimas e dodecassílabos, pungadas, batuques e toadas. Com seu caboclo no peito, Jorgeana se aproxima ainda de uma etnia para pedir a bênção ao pajé. Em lugar de aliterações e paronomásias gratuitas, passagens comoventes transformadas e celebradas neste grande ritual de vivências de corpo e alma: TxaiUirá. Como uma borboleta que voa para dentro da terra numa tarde laranjeira, a poeta nos apresenta versos delicados. Muitos deles se enquadram, por exemplo, nas vivências poéticas de Leonardo Fróes, ou dialogam com a última fase de Reuben da Rocha, artistas-poetas que caminham pelo mundo, se confundindo, cada um (...)