O adeus à verdade é o início, e a própria base, da democracia. Se houvesse uma verdade "objetiva" das leis sociais e econômicas (a economia não é uma ciência natural) a democracia seria uma escolha totalmente irracional: seria melhor confiar o Estado aos especialistas, aos reis-filósofos de Platão ou aos prêmios-Nobel de todas as várias disciplinas. Sobre esses pontos, Heidegger, Popper (o inimigo da sociedade fechada platônica), o próprio Adorno e, antes ainda, Marx, acabam estando de acordo. A nossa sociedade "pluralista", como mostram todo dia as discussões políticas, continua a acreditar na ideia "metafísica" de verdade como correspondência objetiva aos fatos.