O Crátilo, de Platão, é o tratado sobre a linguagem mais antigo da cultura ocidental. O diálogo apresenta uma discussão de Sócrates com dois interlocutores que defendem concepções opostas sobre a correção dos nomes. Para Hermógenes, a linguagem não passa de convenção. Qualquer nome funciona desde que haja um acordo sobre seu uso. Já Crátilo parte de uma posição naturalista, na qual cada coisa tem um nome correto que revela a essência do nomeado. "Hermógenes", por exemplo, não seria o nome correto de um negociante malsucedido, pois este não traria em si os genes de Hermes, o deus do comércio. Esse é o mote a partir do qual Sócrates desenvolve sua posição, refutando aspectos do naturalismo e do convencionalismo, na busca de uma visão mais bem determinada sobre o funcionamento da linguagem. A resposta encontrada não é simples e muito menos conclusiva. Mais importante talvez seja o percurso no qual várias questões que ainda interessam a linguistas contemporâneos são contempladas (...)