Com erudição e muita sensibilidade, o livro mostra como a fabricação de diferenças é parte constitutiva das relações de poder e explora densamente as polêmicas em torno de questões de gênero, desvelando a revolução que esse conceito empreendeu na área dos estudos sobre a mulher. Na contramão da vitimização ou da suposição de uma cultura de resistência ao patriarcado, a obra está ancorada no escrutínio das formas específicas que a dominação assume em diferentes contextos sociais. Tecendo os nexos entre as abordagens de cunho estrutural e as experiências como produtoras de sujeitos, temos aí um convite irrecusável para a revisão da ideia da mulher como pertencente a um grupo homogêneo e unitário e para as análises interessadas na pluralidade e na historicidade das experiências femininas. Guita Grin Debert