O livro O que me importa agora tanto (Editora 7Letras) reúne 74 poemas de Félix Alberto Lima inspirados no ritmo das ruas e em observações casuais do cotidiano. Com uma certa carga de juventude e atualidade (o mundo das redes sociais dita a cadência de boa parte dos versos), a obra é urbana e ao mesmo tempo expõe os escapismos preferenciais do autor, do ócio ao cio, dos girassóis de setembro aos amores lisonjeiros elementos que dão ao livro uma leveza quase bucólica. O que me importa agora tanto é marcado, segundo Antônio Carlos Secchin, pelo humor e autoironia fina recolhidos nos flagrantes do olhar atento do poeta, o viés fotográfico da escrita. Félix Alberto Lima tece paisagens ligeiras, situações aparentemente irrelevantes, ora risíveis, ora provocadoras, que crescem e ganham a forma solta e desinibida do poema. Os sutis deslocamentos de percepção apontados pelo também poeta Salgado Maranhão, no prefácio da obra, revelam a faceta mais cara ao autor: o filtro da boa irreverência. No primeiro poema, que flerta com o título do livro, o autor incita a desconfiança na arte polaroide, no monumento ao momento, no poema hermético, irrevelável. Como quem despretensiosamente anuncia o fim da poesia somente para poetas, o autor passa a régua: Chega de tanto agora! A poesia de Félix Alberto Lima vai direto ao ponto, instiga a imaginação do leitor e está impregnada daquele frescor nunca dantes visto, como aponta, na orelha do livro, outro maranhense, o cantor e compositor Zeca Baleiro. Como ele, Geraldo Carneiro também estende o tapete para a chegada do autor: O que mais me agrada na poesia de Felix Alberto é a originalidade. São poemas que fogem às convenções, escolas e modismos literários, aparentados das mensagens econômicas e certeiras da internet e do mundo publicitário - com ressonância na poesia marginal dos anos 70 , valiosos recortes carregados de alta dosagem de lirismo. Conforme assinala Domício Proença Filho, num dos textos de apresentação do livro, as composic¸o~es de Fe´lix Alberto centralizam-se em aspectos confessionais vinculados aos conflitos com o cotidiano da vida.