"A escrita neste livro, à semelhança de um acrobata circense, treme na ausência de um suporte; o tremor desencadeado pela falta do solo estável da razão não posta à prova, dos conceitos sólidos imunes à cortante trama cotidiana. Nos bares esfumaçados, nas esquinas do Rio de Janeiro e de São Paulo o dia a dia urbano corta como uma navalha afiada os discursos Psi. A cidade é aludida como provocadora de espanto às lógicas onde o mundo é desenhado sem o aturdimento da radicalidade da empiria.A Psicologia é generosamente ferida. Na pesquisa as noites cariocas e paulistanas ofuscam o brilho dos argumentos da racionalidade Psi sobre o porquê de tantas mortes, porém as noites urbanas criam problematizações, desdobram perigos reconhecíveis tornando-os outros. Neste livro nenhuma resposta é ofertada. Obra que se arrisca como o artista circense a percorrer a corda no picadeiro sem proteção. Relato de uma experiência que sustenta o tremor da escrita na apresentação do ato fascista operado nas esquinas, fora dos limites urbanos, no brilho de um saber." - Luis Antonio Baptista