Nos efervescentes debates atuais do feminismo é comum encontrar expressões de assombro com a atualidade do patriarcado - "como é possível tal fato em pleno século XXI?"; parece que numa esquina do progresso deu-se de cara com uma imensa névoa de conflitos atávicos, e na penumbra apareceram imagens misóginas regressivas. Ocorre, no entanto, que pensar este quadro implica romper tanto com os ideais de desenvolvimento que giraram em falso no patriarcado capitalista quanto com o próprio. O colapso deste modo destrutivo de vida nos coloca diante de fronteiras concretas que se expressam num desastre humano e natural de largas proporções. É a condição das mulheres periféricas que indica o curso da violência que pode vertiginosamente se aprofundar se não buscarmos melhores recursos e formas de resistência para a enfrentar.