No acontecimento dos textos de Stéphane Mallarmé e James Joyce, ou seja, em um interlúdio de cerca de 40 anos, a escritura pôde ser imaginada como uma problemática: deslocar linguagem e pensamento em uma estrutura de retorno. Essa noção estabelece o vínculo da leitura e da escritura com a viagem, com a possibilidade da partida e, logo, com seu regresso. É o que se propõe neste livro, ao ler a linguagem desses autores a partir de um ato (de desconstrução), de uma performance que ensaia o discurso dos textos, da rearticulação teórica de uma semiose. A experiência-limite foi definida por Maurice Blanchot como experiência daquilo que existe fora de tudo, quando o tudo exclui todo exterior. Assim, as assinaturas de Mallarmé e Joyce se inscrevem na produção de uma paixão pelo pensamento, uma contestação da impossibilidade. O transcurso aqui é, pois, vislumbrar a indecidibilidade que permeia as noções de assemia e disseminação, reformulando o lugar da teoria literária na produção de sentidos, como presença a si. Daí, a leitura de textos considerados por muitos ilegíveis (como Un coup de dés e Finnegans Wake). A significância elemento transmissível e não comunicável produz a experiência do pôr-se em questão, do abrir-se a aporia e, com isso, inscrever esses dois possibilidade meta-figurativa, para além de sua referencialidade. Ao intentar ultrapassar a própria noção de significado, a Escritura do retorno coloca-se em um tracejado de remetimentos, em uma experiência que é, ela mesma, a exploração abissal da literatura.