A sátira ferina da situação política e social do Brasil durante a ditadura e uma surpreendente incursão de Roberto Schwarz no terreno da ficção dramática.Em 13 de dezembro de 1968, a decretação do AI-5 pela ditadura militar mergulhou o Brasil numa longa noite de repressão, torturas e assassinatos políticos. Entre os intelectuais de esquerda visados pela "linha dura" do regime estava Roberto Schwarz, então professor de teoria literária na USP e assistente de Antonio Candido. Meses mais tarde, Schwarz conseguiria viajar para o exílio na França. No entanto, para passar o tempo no esconderijo improvisado, ele se pôs a explorar a boa biblioteca de seus amigos, e releu, entre outros, O príncipe, de Maquiavel, e O alienista, de Machado de Assis. O extenso conto do mestre de Memórias póstumas de Brás Cubas lhe forneceu a inspiração e a matéria-prima para "A Lata de Lixo da História", chanchada em treze cenas que transfigura o clássico machadiano numa sátira impiedosa da sociedade brasileira durante o regime militar.