A pacata Barbacena, no interior de Minas Gerais, foi palco, em 1942, do encontro entre dois gigantes da literatura: o austríaco Stefan Zweig e o francês Georges Bernanos. Escritores aparentados tanto nos temas como nas circunstâncias de vida ambos criadores de histórias sobre os tormentos do espírito humano e autoexilados no Brasil em fuga do totalitarismo , não há como não ser incitado a imaginar os detalhes do diálogo ocorrido entre os dois. Esse Paraíso da Tristeza é uma realização primorosa de tal exercício. Concebida por um arguto conhecedor dos autores e também do Brasil, a peça conjetura uma conversa tão informativa quanto comovente, na qual os artistas compartilham suas angústias e considerações sobre a Europa, sobre suas próprias carreiras e sobre o nosso país. E na qual, sobretudo, Bernanos tenta instigar esperança em Zweig, que, como se viria a saber, houvera chegado aos seus derradeiros dias.