Soneto na~o e´ apenas a matema´tica da me´trica, nem a saliva das rimas, e´ a desordem que se ordena na beleza. Sermos cla´ssicos nos permite sermos modernos sem o elmo parnasiano. Amo a regra que corrige a emoc¸a~o, dizia Georges Braque. Na~o importa se com cinco, dez ou quinze si´labas, o verso sobe a escada do soneto, mas e´ preciso que acenda as luzes das rimas quem sobe ao infinito. Gostei que um publicita´rio, jovem e moderno, buscasse o la´pis bem comportado. Jayme e´ um cavalheiro de muitas elega^ncias, jornalista, editor e companheiro. Professa, contudo, uma sintaxe sem concesso~es banais. Chuta em gol com bolas de pelica. Sabe que so´ a leveza do espi´rito permite a pedagogia do soneto, porque o soneto e´ o u´nico formato poe´tico sem arestas. O resto, como dizia Simone Weil da Ili´ada, e´ a poesia da viole^ncia. Ja´ o soneto e´ a viole^ncia da ternura. A maioria dos sonetos da literatura universal e´ principalmente o soneto de amor. Ao escrever cem sonetos, Jayme percorre outros sentimentos, de cem matizes. Na~o se ate´m ao soneto de amor, mas a uma percepc¸a~o bem mais ampla, que vai do Soneto da Sentenc¸a Porque sempre eu corcunda e voce^ musa? a` Fa´bula Falsa Esta terra se exibe com orgulho, exalta-se com ares de Camo~es. O amplo, em Jayme Serva, e´ percorrer-se do amor a` poli´tica. Impossi´vel, depois do iluminismo, petrificar-se no tu´mulo de Petrarca. Nos belos sonetos dos Cem Sonetos, o Jayme consegue um rigor formal difi´cil de se exercer apo´s a desordem formal consagrada pelo modernismo. Jayme insiste na simetria, no decassi´labo e em rimas escaladas por um treinador ortodoxo. Um belo livro que nos ensina a reescrever, da mesma forma que, paradoxalmente, os concretistas nos ensinaram a escrever de novo.(...) Não importa se com cinco, dez ou quinze sílabas, o verso sobe a escada do soneto, mas é preciso que acenda as luzes das rimas quem sobe ao infinito. Gostei que um publicitário, jovem e moderno, buscasse o lápis bem comportado. Jayme é um cavalheiro de muitas elegâncias, jornalista, editor e companheiro. Professa, contudo, uma sintaxe sem concessões banais. Chuta em gol com bolas de pelica. Sabe que só a leveza do espírito permite a pedagogia do soneto, porque o soneto é o único formato poético sem arestas. O resto, como dizia Simone Weil da Ilíada, é a poesia da violência. Já o soneto é a violência da ternura. A maioria dos sonetos da literatura universal é principalmente o soneto de amor. Ao escrever cem sonetos, Jayme percorre outros sentimentos, de cem matizes. (...) O amplo, em Jayme Serva, é percorrer-se do amor à política. Impossível, depois do iluminismo, petrificar-se no túmulo de Petrarca. Nos belos sonetos dos Cem Sonetos, o Jayme consegue um rigor formal difícil de se exercer após a desordem formal consagrada pelo modernismo. Jayme insiste na simetria, no decassílabo e em rimas escaladas por um treinador ortodoxo. Um belo livro que nos ensina a reescrever, da mesma forma que, paradoxalmente, os concretistas nos ensinaram a escrever de novo. - Jorge da Cunha Lima