Um dos traços alvissareiros da renovação da cultura nacional, que se verifica sobretudo a contar dos anos trinta e se acentua nas décadas seguintes, é a atividade ligada direta ou indiretamente à Universidade. As ciências sociais e a crítica de arte em todos os campos da criação aí é que floresceram, sem falar em setores já de cultivo tradicional. Decerto, o feito antes em ciências sociais e crítica de arte foi muito pouco: naquelas, houve produção assinalável na historiografia, nesta só em literatura. A contar de décadas recentes, as atividades crescem e se desenvolvem, não só no ângulo quantitativo como qualitativo, pois o esforço anterior era em parte anulado pelo amadorismo ou falta de preparo. Uma das áreas mais beneficamente atingidas é a de artes plásticas: existe hoje no país número ponderável de investigadores, professores, críticos de revistas e jornais, autores eruditos de teses e livros que se afirmam pela pesquisa e pelo critério de análise. Lembre-se por exemplo a falta de qualquer trabalho sobre o barroco ou a atividade artística em Minas no período colonial até a renovação mental operada pelo modernismo. Há agora dezenas de estudos de alto merecimento, de nacionais e estrangeiros. Deixe-se de lado a verificação geral e veja-se o caso mineiro. Só com o modernismo começa o estudo da produção do barroco, que passa a ser valorizado cada vez mais. Antes visto como degenerescência da arte ou manifestação primária, os viajantes do século passado mal notaram essas obras, ou tiveram palavras reveladoras de precário entendimento; o mesmo se pode dizer dos habitantes da área ou de patrícios que por aqui passaram, até o estudo precursor de Mário de Andrade sobre o Aleijadinho. A crítica brasileira, reduzida em número e pobre em qualidade, já conta com muitos títulos. Entre eles, os de Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira. Ao fim de poucos decênios de labor de vários historiadores e mais estudiosos a área vê-se enriquecida.