Depois de quatro filhos e um traumático porém bem-resolvido divórcio aos 35 anos, a vida de solteira leva a filósofa francesa Florence Ehnuel para outra percepção sobre sua sexualidade, mais precisamente sobre sua relação com o órgão sexual masculino. Seu olhar torna-se uma zona erógena onde todos os prazeres, censurados durante muito tempo, são agora permitidos. Neste ensaio repleto de erotismo, referências filosóficas e descrições poéticas do pênis, a autora conduz seus leitores num passeio voyeurístico e libertador, que acaba por nos falar de uma crise típica de mulheres da sua geração, cuja suposta liberdade sexual esconde, na verdade, uma profunda repressão sexual. "Por mais de dez anos, partilhei com um marido o leito conjugal. Experimentei prazeres dos quais ainda me alegro (...). Contudo, o território do corpo masculino, que eu olhava, que passava por mim, continuava limitado a algumas sensações. (...) Eu apertava contra mim um homem nu, cobrindo-o de carícias, e o recebia na minha vagina, mas não me permitia aclamar ou conhecer plenamente o mais precioso e belo de seus atributos. Ficava na reserva, pudica, inquieta, insegura, pelo menos em parte; pelo menos de maneira inconsciente meu desejo não era totalmente livre ou liberado; ele era atrelado ainda, abarrotado de desconfortos, freado." Sem cair no clichê da literatura erótica, Florence faz uma reflexão quase filosófica de sua vida privada, falando com desenvoltura sobre seu casamento e os encontros amorosos que se seguiram à separação do marido, apesar de continuar vivendo com ele e os filhos na mesma casa: "Um dia, meu marido me disse que amava outra mulher e queria poder encontrar-se com ela livremente durante as férias e em alguns fins de semana. (...) Inicialmente, achei a situação difícil de enfrentar; foi perturbador [...]