José Jeronymo Rivera, esse "poeta disfrazado de traductor", na feliz expressão-síntese de Pérez-Montoro, ombreia honrosamente com os maiores praticantes da arte de traduzir poesia. Sua contribuição ao enriquecimento de nossas letras com criações originais de outras línguas é extensa e valiosíssima, abrangendo poemas e livros pela primeira vez recompostos em português, a exemplo desse notável Gaspard de Ia Nuit, de Aloysius Bertrand. E ainda nos oferece vigorosas versões do português para o castelhano, algumas já publicadas nos Poetas Portugueses y Brasileños de los Simbolistas a los Modernistas, obra organizada por José Augusto Seabra. Essa contribuição, iniciada com Poesia Francesa: Pequena Antologia Bilíngüe, passando pelas Cidades Tentaculares de Émile Verhaeren (de quem está ainda a nos dever a edição de sua pioneira tradução das Heures) e pelas Rimas de Bécquer, sem esquecer sua participação em obras de múltipla autoria como as que contemplam o Siglo de Oro, Victor Hugo e a poesia latino-americana, culmina agora com este magnífico Pedro Salinas, que passamos a reconhecer, a par do espanhol, como obra-prima também de nosso vernáculo.