Ao percorrer a trajetória desse movimento, os relatos das famílias deixam entrever o papel central que o sofrimento assume nesse processo, sendo a base para a construção de identidades e formas de sociabilidade. Revelam, ainda, que a expressão pública de testemunhos, demandas e denúncias passa a ser reconhecida como forma de coletivizar experiências e a constituir os mortos e desaparecidos como categoria, propiciando que seus familiares se vejam e sejam vistos como uma comunidade política e moral, que se volta para a busca de responsabilidades e direitos. Comunidade que, a partir do sofrimento, do conhecimento, da denúncia e de estratégias políticas de luta, atua no sentido de orientar o estabelecimento de políticas públicas mais democráticas por parte de um Estado em cujas instituições ainda persistem resquícios dos modos de operação usados na época da ditadura.