Neste livro José Antonio Vasconcelos apresenta um mapeamento da conjuntura intelectual norte-americana do final da década de 1980 a nossos dias, buscando assim explicar o confronto entre o pós-modernismo e seus adversários no campo da historiografia. Mais do que uma corrente teórica bem articulada, o pós-modernismo constitui na verdade um conjunto difuso de posicionamentos, cuja característica comum consiste na recusa dos grandes modelos explicativos. No caso específico da historiografia, os autores pósmodernistas revelam uma acentuada tendência a questionar a objetividade na escrita da História. A obra tem como fio condutor uma polêmica desenvolvida nas páginas da American Historical Review, envolvendo autores como David Harlan, David Hollinger, Joyce Appleby, Allan Megill, Russell Jacoby e Dominick LaCapra. O principal ponto de discórdia nesta discussão diz respeito à possibilidade – ou impossibilidade – de recuperar as intenções primárias dos autores de textos antigos a partir de um estudo do contexto em que tais autores viveram. Se optarmos pela negativa, dizem-nos os teóricos do pós-modernismo, isto significaria um maior grau de autonomia para o historiador com relação à utilização de suas fontes. Ao descartar a necessidade do contexto como referência obrigatória na reconstrução do passado, argumentam os pós-modernistas, os historiadores estariam se abrindo a novos modos de representação dentro de seu campo de estudo. Trata-se de um debate extremamente rico, no qual as questões levantadas ultrapassam as fronteiras da História enquanto disciplina e estabelecem um profícuo diálogo com a Teoria Literária e a Filosofia da Linguagem.