Um bairro pobre, gente pobre, histórias pobres, existências pobres e nada mais. Infâncias no salve-se quem puder, feito a maioria das infâncias da periferia, ainda assim, infâncias. Porque entre a pobreza e a miséria acha-se um ladrão de meninices, visto pularem este período da vida direto pro ganha pão. Cinco, seis, nove anos e os pequenos já levam pra casa o arranjado no sinal de trânsito, na venda de jujubas, limpeza nos para-brisas, laranjas no sobe e desce. Um curtume tomava inúmeros quarteirões do bairro, impregnando o ambiente do cheiro de couro apodrecido. Couro dos casacos das madames, sapatos dos bambambãs, pastas executivas. Para os moradores, remanesciam odores fétidos, rios de imundícies verdes, fumaças e doenças. Um romance ambientado na década de 1970, subúrbio da Penha, cidade do Rio de janeiro. Onde meninos e meninas buscavam vencer as agruras de uma época cuja sobrevivência ditava o dia a dia e a vida era repleta de ocorrências do outro mundo.