A editora José Olympio dá prosseguimento à reedição das maiores obras de Henry Miller com Trópico de Capricórnio. Publicado originalmente em 1939, quatro anos após o polêmico e consagrador Trópico de Câncer, o romance, mantém a sexualidade e o erotismo em primeiro plano, porém não é simplesmente uma repetição dos temas e do estilo apresentados na obra anterior. Por meio de uma narrativa ainda mais densa e subjetiva, Miller desfia seu passado em Nova York durante os anos 1920 - antes de embarcar para Paris e fazer da capital francesa a sua festa individual. Lançando mão de humor e de uma prosa poética, o autor combina memórias e ficção para criar um verdadeiro manual de liberdade e criatividade. Para o escritor Robert Nye, Miller é um dos poucos escritores modernos que podem levar o leitor às lágrimas apenas pela pressão de seu sentimento. Pode também transmitir (e causar no leitor) um ótimo prazer pelo fato de estar vivo. Jamais leio Miller sem me sentir melhor, mais feliz, mais eu e menos só." Menos celebratório e mais irônico que em Trópico de Câncer, Miller não poupa nem a si mesmo: "Eu só tinha altos e baixos. Longos períodos de melancolia, seguidos por extravagantes explosões de alegria, de uma inspiração que parecia um transe. Jamais um nível em que eu fosse eu mesmo. Soa estranho dizer isso, mas eu nunca fui eu mesmo. Ou era anônimo ou a pessoa chamada Henry Miller elevada à enésima potência." Trópico de Capricórnio mostra o porquê de a literatura de Miller ter sido festejada por nomes como T. S. Eliot, Ezra Pound e George Orwell, juntando-se a eles no cânone intelectual do século 20.