Em meados de 2005, uma singular notícia era divulgada simultaneamente por veículos políticos altermundistas e pela mídia esportiva: o clube italiano FC Internazionale, de Milão, estava se correspondendo, criando laços e enviando auxílios a indígenas do estado mexicano de Chiapas, organizados em torno do Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN). Dezenove anos depois deste episódio - e trinta após o levante de 1° de janeiro de 1994 -, Rostos cobertos, corações à mostra: futebol, autonomia e luta zapatista é um livro que reúne a rica produção textual zapatista dedicada ao futebol. Para além do intercâmbio com a Inter de Milão, encontramos em correspondências do Subcomandante Marcos endereçadas a Eduardo Galeano, relatos de partidas disputadas pelos zapatistas em localidades diversas, e uma profícua criação de personagens, narrativas poéticas e metáforas políticas que enredam o futebol à invenção de outros modos de existência.