Criado em uma família dedicada às letras — pai poeta, tio contista e romancista e o avô, o poeta simbolista Alphonsus de Guimaraens, era por sua vez sobrinho-neto de Bernardo Guimarães, poeta e romancista do período do Romantismo —, o renomado artista plástico mineiro Luiz Alphonsus, um dos maiores representantes da geração do final dos anos 1960, consagrou-se no campo das artes visuais. Mas o sopro literário nunca deixou de visitá-lo, fosse pela força poética de suas pinturas, “tantas vezes acompanhadas de palavras a construir inesperados versos ou galáxias de significações líricas”, como lembra o poeta Afonso Henriques Neto. Agora, Luiz Alphonsus retorna à verve familiar e faz sua primeira incursão pelo mundo da literatura em Feras selvagens correm por entre as estrelas, um livro que mistura memória e ficção, tendo como pano de fundo o Rio de Janeiro (principalmente da década de 1970) e as distantes galáxias, temas constantemente retratados em sua produção artística.Em 77 contos-depoimentos, o artista e escritor produz um longo texto-testemunho não só em torno do universo das artes plásticas, com seus interessantes personagens, mas, sobretudo, quando recria com linguagem segura inúmeros incidentes biográficos, fatos idos e vividos, revisitados pela ótica ficcional. Sem amarras de ordem formal, o texto flui de modo natural, sempre conduzido por um sopro de autenticidade que impressiona.