O sentir é um lapso acidental da consciência. Talvez seja tangível a todos experimentar o sublime existente na pétala da flor mais frágil de um campo selvagem. Talvez. Mas é fato que a existência mercantil dos tempos modernos quase nunca nos permite gozar corriqueiramente desta contemplação, mas há quem o faça. Há quem se entregue ao desacelerar, negando o imperativo da pressa e optando dirigir abaixo da média só para poder observar pela janela as vidas à margem, com tempo hábil para criar, inventar e contar histórias sobre elas. Há quem se deslumbre com o Rio, o rio e o riso, desbravando e se encantando com os imprevistos deste perambular, sem jamais deixar apagar a regionalidade natural que perpetua sua raiz. Há quem se inspire até nos insetos, ágeis, alados e tão capazes de ensinar nossas pernas a também voarem. Há quem perceba a mudança persistir e se privilegie da inconstância. Há quem se deixe queimar nas fogueiras latentes das paixões voláteis, poetizando a consistência (...)